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Resumo do livro A sutil arte de ligar o f*da-se

O livro A sutil arte de ligar o f*da-se, de Mark Manson se tornou um fenômeno no mundo do desenvolvimento pessoal. Sua abordagem direta e contrária à cultura da positividade exagerada desafia a ideia de que devemos buscar a felicidade a qualquer custo e evitar o sofrimento. Em vez disso, Manson argumenta que uma vida boa não significa ausência de problemas, mas sim saber escolher e lidar com os problemas certos.

O título dá uma pista de como é a linguagem do autor: engraçada e irônica. Mas não se engane, o conteúdo da obra traz muita sabedoria, baseada nos preceitos da filosofia estoica e com uma honestidade brutal sobre a natureza humana e a vida. 

Li A sutil arte de ligar o f*da-se por acaso, sem grandes expectativas, e acabei me surpreendendo. Adorei a experiência! Por isso, resolvi trazer aqui um resumo com as principais lições que tirei dessa leitura. No final, também compartilho um pouco mais da minha opinião sobre o livro. Confira!


Esse artigo é baseado no livro A sutil arte de ligar o f*da-se, de Mark Manson.

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A era do positivismo tóxico 

A cultura atual impõe expectativas irreais de felicidade e sucesso em todas as áreas da vida. Além disso, muitas mensagens de autoajuda focam no que nos falta, sugerindo afirmações positivas que podem parecer forçadas. Afinal, quem está genuinamente feliz não precisa se convencer disso no espelho.

Essa busca constante reforça a lei do esforço invertido: quanto mais tentamos nos sentir bem, mais insatisfeitos ficamos, pois a própria busca acentua a ausência do que desejamos. Assim, essa fixação no positivismo acaba servindo como um lembrete daquilo que não temos ou que acreditamos que deveríamos ter conquistado.

Somos bombardeados pela necessidade de ter sempre mais. Mas, precisar de muito é prejudicial, prendendo-nos ao superficial. Afinal, a verdadeira felicidade não está em acumular mais, mas sim em se importar com menos, focando apenas no que é autêntico, imediato e verdadeiramente importante em nossa vida.

O círculo vicioso infernal 

O excesso de positivismo pode nos jogar no círculo vicioso infernal: ficamos ansiosos por estar ansiosos, tristes por estarmos tristes, ou irritados por nos irritarmos. Ou seja, começamos a nos julgar negativamente por ter emoções negativas, o que só piora a situação.

Tentar evitar o sofrimento é, em si, uma forma de sofrimento, pois essa fuga apenas direciona mais atenção àquilo que queremos fugir. Além disso, a cultura das redes sociais, onde todos parecem felizes, amplifica esse ciclo, gerando culpa por não estarmos bem quando enfrentamos dificuldades.

Contudo, esse é um privilégio humano: somos os únicos animais capazes de analisar os próprios pensamentos e ter consciência deles. O único jeito de vencer o sofrimento é ligando menos para ele. De qualquer forma, é preciso entender que um pouco de sofrimento é necessário na vida e isso não é o fim do mundo. Perdas, fracassos e arrependimentos fazem parte. 

… E aí que entra o f*da-se 

É neste contexto que ligar o f*da-se se torna relevante. Quando você aceita a emoção negativa sem se condenar por ela (“estou mal, mas e daí?”), o círculo vicioso infernal é interrompido. Você para de se odiar por se sentir mal, o que, paradoxalmente, pode até aliviar o sentimento inicial.

Em geral, sofremos por nos importar demais com coisas que merecem o botão do f*da-se. No entanto, ligar o f*da-se não é ser indiferente a tudo. Pelo contrário, essa atitude se baseia em três premissas:

  • Premissa 1: não é sobre ser invulnerável, mas se sentir confortável com a própria vulnerabilidade. Indiferença não é autocontrole, mas sim medo, negação, insegurança e fuga. O f*da-se não é para tudo na vida, mas para tudo que é para tudo que é dispensável após ter definido o que é essencial. 
  • Premissa 2: para ligar o foda-se para adversidades, primeiro é preciso se importar com algo mais importante, afinal quem se importa com qualquer banalidade é porque não tem nada de mais importante com que se preocupar. 
  • Premissa três: estamos sempre fazendo escolhas Não nascemos com o botão de f*da-se ligado. Ao contrário: nosso normal é nos importar com tudo. A solução é aprender a priorizar e direcionar os pensamentos de forma efetiva, escolher o que é e o que não é importante com base em valores pessoais.

O sofrimento tem um propósito 

A insatisfação é inerente à natureza humana, sendo um componente necessário para gerar felicidade consistente. Biologicamente, sofrer é útil, pois nos inspira a buscar mudanças e inovações. De fato, essa eterna busca por algo mais, essa insatisfação com o status quo, é o que impulsiona o progresso.

Portanto, o sofrimento não deve ser visto apenas como negativo, mas como algo saudável e necessário. Ele funciona como um guia, apontando o que precisa ser mudado ou aprimorado e ensinando lições valiosas sobre erros a evitar. Assim, uma sociedade que tenta evitar a dor a todo custo corre o risco de estagnação.

Sentimentos negativos são sinalizadores importantes. Contudo, não devemos obedecê-los cegamente, mas sim questioná-los. Ouça suas emoções, mas não baseie sua vida inteiramente nelas, pois são transitórias. O que traz felicidade hoje pode não trazer amanhã; não existe uma felicidade definitiva a ser alcançada.

Leia também: Principais lições do livro O obstáculo é o caminho

Felicidade é resolver problemas 

A felicidade é uma ação contínua, um exercício constante, e não picos de euforia derivados do prazer imediato (comida, álcool, drogas, jogos, etc.). Buscar essas sensações para fugir dos problemas é superficial e improdutivo, pois além de não resolver a causa, pode gerar novas dificuldades (dependência, por exemplo).

Negar os problemas oferece alívio temporário, mas a longo prazo, leva à insegurança e repressão emocional. Visto que problemas sempre existirão, a pergunta chave é: quais problemas você  e gosta de resolver? A verdadeira felicidade exige esforço e enfrentamento.

Todos desejam resultados positivos, mas qual dor você está disposto a suportar pelo processo? É a jornada, o esforço contínuo, que define o resultado. Portanto, você é definido pelas batalhas que escolhe lutar. Pessoas bem-sucedidas geralmente são aquelas que amam o processo, não apenas o prêmio final. 

Não superestime seus pontos positivos 

Frequentemente, a autoestima é medida pelos sentimentos sobre nossos pontos fortes. No entanto, seria mais útil avaliá-la pela forma como lidamos com nossas experiências negativas: falhas, erros e defeitos. Aceitar esses aspectos é um indicador mais robusto de autoconfiança.

Você assume seus fracassos ou os nega, justifica e culpa terceiros? Enfrenta suas falhas ou foge delas buscando gratificação imediata? A coragem de admitir os próprios erros é crucial, pois só assim buscamos o aprimoramento. Se você nega ou esconde seus defeitos, nunca irá trabalhar neles. E se culpa os outros, nunca tomará iniciativa de fazer algo melhor.

Só atinge a excelência quem admite sua mediocridade 

A tecnologia e o excesso de informação fazem o excepcional parecer comum, pois apenas o extraordinário consegue se destacar no ruído. Contudo, a verdade é que a maior parte da vida ocorre dentro da mediocridade.

Mesmo que você seja excelente em uma área, provavelmente será medíocre em muitas outras, pois tempo e energia são limitados. Portanto, a obsessão em ser excepcional em tudo é irrealista e pode gerar insegurança e frustração. Logo, aceitar a própria mediocridade na maioria das áreas é libertador. Permite valorizar as coisas simples e reduz a pressão de corresponder a ideais inatingíveis. 

Além disso, as pessoas que se tornaram excepcionais o fizeram não por se considerarem incríveis, mas por serem obcecadas por aprimoramento. Quem conseguiu se tornar excelente o fez porque sabia que era medíocre e tinha muito o que melhorar.

Valores bons vs valores escrotos 

Nossos valores são a fundação de nossas ações e determinam a natureza dos problemas que enfrentamos. Por sua vez, a natureza desses problemas molda a qualidade de nossa vida. Felizmente, podemos controlar o significado dos nossos problemas ao escolher como interpretá-los e quais padrões usamos para medi-los.

Alguns valores nos levam a problemas “bons” – aqueles que são construtivos e passíveis de solução. Em contrapartida, outros valores, que o autor chama de “escrotos”, geram problemas difíceis e destrutivos. Portanto, é crucial saber diferenciar e escolher valores que promovam uma vida mais significativa.

O que são valores escrotos 

Valores ruins são: 1) supersticiosos; 2 socialmente nocivos e 3) não imediatos e não controláveis. Ex:

  • Prazer: esse é um péssimo valor para nortear sua vida, pois leva uma busca por gratificação imediata que não traz felicidade genuína.
  • Sucesso material: medir seu valor com base em dinheiro, o carro que dirige ou as marcas que usa. Afinal, depois que as necessidades básicas são supridas, o aumento na riqueza tem pouco impacto na felicidade
  • Estar sempre certo: errar é inerente à condição humana. Logo, se sua medida de sucesso se baseia em estar certo, você não atingirá seu ideal pleno nunca. Além disso, quem quer estar certo em tudo para se validar não consegue aprender com os próprios erros
  • Otimismo implacável: embora seja bom ver o lado bom das coisas, às vezes a vida é uma droga mesmo e não há nada de errado em admitir isso. Negar os problemas só os aprofunda e você perde a oportunidade de resolvê-los. Positividade constante é uma forma de fuga. Às vezes não está tudo bem e o melhor a fazer é admitir isso; sentir-se mal é um componente da saúde emocional.

Definindo valores bons 

Bons valores são 1) realistas; 2) socialmente construtivos e 3) imediatas e controláveis. Os valores bons são alcançados internamente e nos impulsionam para felicidade, enquanto os ruins dependem de eventos externos e podem levar à ruína. Exemplos de valore bons: autorrespeito, honestidade, autoaprimoramento, humildade, altruísmo, criatividade, interesse pelo novo. 

Ao longo do livro, o autor detalha cinco dos valores que ele considera os melhores a adotar: 

  • Assumir a responsabilidade por tudo o que acontece na sua vida;
  • incerteza;
  • abraçar o fracasso;
  • capacidade de ouvir e dizer não;
  • contemplação da própria mortalidade.

Pode não ser sua culpa, mas é sua responsabilidade 

Embora não controlemos todos os eventos da vida, sempre controlamos nossa interpretação e reação a eles. Consciente ou inconscientemente, estamos sempre escolhendo nossos valores e as métricas pelas quais avaliamos as situações, o que nos torna ativamente responsáveis por nossa experiência.

Assumir essa responsabilidade é o primeiro passo para solucionar problemas. É vital, porém, distinguir responsabilidade de culpa. Culpa refere-se ao passado, a erros cometidos. Responsabilidade refere-se ao presente: às escolhas que fazemos agora sobre como lidar com a situação atual.

Podemos não ser culpados por um problema, mas somos sempre responsáveis por como reagimos a ele. Culpar os outros é uma escolha que perpetua o sofrimento. Em contrapartida, assumir a responsabilidade, especialmente pelos problemas, é onde reside o verdadeiro aprendizado e o poder de mudar. 

Abrace a incerteza 

O crescimento pessoal não é um salto do errado para o certo, mas um processo iterativo de estar um pouco menos errado a cada passo. Por isso, em vez de buscar respostas absolutas e definitivas, devemos focar em corrigir nossos erros atuais para errar menos no futuro.

A busca pela certeza nos paralisa e impede o crescimento. A certeza é inimiga do desenvolvimento, enquanto a dúvida é necessária. Portanto, em vez de almejar certezas, devemos cultivar a dúvida: questionar nossas crenças, sentimentos e o próprio futuro.

Assumir que podemos estar errados é o que abre espaço para aprender e evoluir. A certeza pode levar à teimosia e à repetição de erros. Em contrapartida, a incerteza nos torna mais humildes, neutraliza julgamentos apressados, previne preconceitos e nos liberta até mesmo do autojulgamento excessivo.

O paradoxo do fracasso/sucesso 

Aprimorar-se requer enfrentar inúmeros fracassos; se alguém é melhor do que você em algo, provavelmente é porque já errou muito mais. Bebês caem milhares de vezes antes de aprender a andar, mas não desanimam por causa disso. 

O medo do fracasso advém depois, provavelmente estimulado pelo sistema educacional, por pais dominadores, e perpetuado por valores ruins, como validação de terceiros.

Isso também é reforçado pela mídia que alardeia casos de sucesso sem mostrar as árduas horas de prática, estudo e tentativas que precedem a vitória. O erro é necessário ao processo. Logo, medo do fracasso implica em nunca inovar nem atingir a excelência

O princípio do faça alguma coisa 

Se você está empacado em um problema, não fique parado pensando, comece. Mesmo que não saiba como fazer, o simples ato de começar vai fazer as ideias certas chegarem. A ação não é apenas consequência da motivação, é também a causa.

O princípio do faça alguma coisa diz que na falta de motivação para fazer algo importante, faça qualquer coisa que esteja ao seu alcance para iniciar o empreendimento desejado; e então você aproveita o efeito da ação como combustível para se motivar. 

Esse princípio ajuda a superar a procrastinação e promove o redirecionamento dos seus valores. Seu parâmetro de sucesso não é mais finalizar o projeto, mas meramente a ação. Todo resultado possível é considerado um sucesso. Assim, você para de ter medo do fracasso e é impulsionado para frente. A inspiração se torna uma recompensa em vez de um pré-requisito.

A importância de dizer não 

A confiança mútua exige sinceridade; por isso, aprender a dizer “não” fortalece os relacionamentos. Embora evitar a rejeição traga alívio momentâneo, a longo prazo nos deixa desorientados. Escolher um valor, um caminho ou um parceiro implica necessariamente rejeitar as alternativas.

Somos definidos não só pelo que aceitamos, mas também pelo que rejeitamos. Se não rejeitamos nada, por medo de sermos rejeitados, corremos o risco de não desenvolver uma identidade própria. Fugir da rejeição muitas vezes é fugir do desconforto necessário para manter limites saudáveis.

Relacionamentos saudáveis exigem limites claros, onde ambos aceitam responsabilidade e estão dispostos a dizer e ouvir “não”. Limites fracos levam a relações superficiais, onde o valor principal se torna agradar o outro. Se o “não” não é permitido, o relacionamento torna-se condicional e potencialmente manipulador, minando a confiança.

Leia também: Melhores livros para aprender a dizer não

Contemplação da morte 

O autor relata experiências pessoais com a morte que transformaram sua perspectiva sobre a vida, levando-o a questionar seus medos e valores. Ele menciona a prática estoica de memento mori (lembrar-se da morte) como uma ferramenta para ganhar clareza.

Encarar a própria mortalidade, mesmo que desconfortável, ajuda a eliminar valores superficiais e frágeis, como fama, ostentação ou a necessidade de estar sempre certo. Isso nos força a refletir sobre nosso legado e o impacto de nossa existência, direcionando nosso foco para o que realmente importa.

A consciência da finitude atua como uma bússola para nossos valores e decisões. Aceitar a morte nos ajuda a enfrentar a arrogância, assumir responsabilidades, superar medos e aceitar fracassos. Em última análise, encontrar sentido envolve se importar com algo maior que nós mesmos.

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Minhas impressões sobre o livro A sutil arte de ligar o f*da-se 

Confesso que li esse livro porque ele caiu na minha mão, digamos assim. Inicialmente, eu não esperava muito dele, achei que fosse algum livreco pop com dicas manjadas. Mas, me surpreendi! Ele trata de valores reais e profundos, com uma linguagem leve, muito engraçada e super honesta.

É evidente a forte influência do estoicismo nos conceitos de Manson, pois é possível identificar na sua obra muitos dos princípios dessa filosofia. Ex: Amor fati (amar a vida como ela se apresenta), apathea (apatia: não se deixar guiar pelas paixões, encarar as emoções de forma neutra e tranquila), focar no que tem controle, assumir a responsabilidade por tudo na vida e escolher ativa e conscientemente as próprias percepções e meditar sobre a morte (memento mori).

Recomendo especialmente para jovens ou iniciantes no estoicismo, que se beneficiarão da abordagem acessível. A linguagem informal, inclusive com gírias, alguns palavrões, analogias inusitadas e diversas histórias pessoais torna a leitura super divertida. Só não indicaria para quem já conhece o estoicismo mais a fundo e está acostumado com leituras mais eruditas, pois para esse perfil de leitor, a obra pode parecer um pouco rasa.

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